15 de março de 2009

TEXTOS

Palestra do Guia Pathwork No. 180
Palestra Anteriormente Editada


O SIGNIFICADO ESPIRITUAL DO RELACIONAMENTO


Saudações, meus queridos amigos. Que cada um de vocês seja abençoado.
Abençoada seja a sua vida, cada respiração, seus pensamentos e
sentimentos.

Esta palestra trata dos relacionamentos e seu tremendo significado, do
ponto de vista espiritual, relativo ao crescimento e à unificação individuais.
Em primeiro lugar eu gostaria de ressaltar que, no nível humano de manifestação individual, existem unidades de consciência as quais às vezes se harmonizam, mas com freqüência entram em conflito, criando fricção e crise. Por trás desse nível de manifestação, porém, não há unidades de consciência fragmentadas. Apenas uma consciência existe, da qual cada unidade singular
não passa de uma expressão diferente. Quando uma pessoa toma posse do que é seu, ela experimenta essa verdade sem, no entanto, perder um senso de individualidade. Isso pode ser sentido de forma bastante clara quando se lida com as próprias desarmonias internas, meus amigos. Pois aí também é aplicável o mesmo princípio.

DESENVOLVIMENTO DESIGUAL DE PARTES DA CONSCIÊNCIA

No seu estado atual uma parte do seu ser mais interno está desenvolvida e governa o seu pensamento, seu sentimento, sua vontade e a sua ação.
Existem outras partes, ainda em um estágio inferior de desenvolvimento, que também governam e influenciam o seu pensar, seu sentir, sua vontade e seu agir.
Assim você se encontra dividido e isso sempre cria tensão, dor, ansiedade e também dificuldades internas e externas. Alguns aspectos da sua personalidade estão em verdade; outros, em erro e distorção. A confusão resultante causa graves perturbações. Normalmente você empurra um lado para fora do caminho e se identifica com o outro. Porém essa negação de uma parte sua não pode trazer a unificação; ao contrário, ela amplia a divisão. O que tem que ser feito é trazer à luz o lado desviado e conflituoso e encará-lo - encarar a ambivalência toda. Só então você encontra a realidade definitiva do seu self unificado. A unificação e a paz emergem, como você sabe, na
medida em que você reconhece, aceita e compreende a natureza do conflito interno.

A mesma lei, exatamente a mesma, aplica-se à unidade ou à dissensão entre entidades externamente separadas e diferentes. Elas também são uma para além do nível das aparências. A dissensão é causada não por diferenças reais entre de consciência, mas, exatamente como no indivíduo, por diferenças no desenvolvimento da consciência universal manifestada.

Embora o princípio da unificação seja exatamente o mesmo no interior e entre indivíduos, ele não pode ser aplicado a outro ser humano a menos que tenha sido aplicado primeiro ao próprio self interior da pessoa. Se as partes divergentes do seu self não forem abordadas de acordo com essa verdade e a sua ambivalência não for encarada, aceita e compreendida, o processo de
unificação não pode ser posto em prática com outra pessoa. Esse é um fato importante que explica a grande ênfase dada pelo Pathwork em primeiro abordar o self. Só então pode o relacionamento ser cultivado de uma forma significativa e efetiva.


ELEMENTOS DE DISSENSÃO E UNIFICAÇÃO

O relacionamento representa o maior desafio para o indivíduo; apenas no relacionamento com outros é que os problemas ainda existentes no interior da psique individual são afetados e ativados. Muitos indivíduos retiram-se da interação com outros para que possam manter a ilusão de que os problemas partem das outras pessoas, uma vez que só sentem perturbações na presença deste ou daquele e não quando estão sós.

Porém, quanto menos contato é cultivado, mais agudo se torna o anseio por ele. Esse então é um tipo diferente de dor: a dor da solidão e da frustração. Mas o contato torna difícil manter por mais tempo a ilusão de que o self interior é inocente e harmonioso. É necessária uma aberração
mental para que alguém continue a sustentar por muito tempo que os seus problemas de relacionamento são causados só pelos outros e não por ele mesmo. É por isso que os relacionamentos são ao mesmo tempo uma realização, um desafio e um parâmetro para o estado interior do ser humano. A fricção que resulta do relacionamento com outras pessoas pode ser um agudo instrumento de purificação e auto-reconhecimento, caso se queira utilizá-la.

Quando a pessoa se retira desse desafio e sacrifica a plenitude do contato íntimo, muitos problemas internos nunca são postos em evidência. A ilusão de paz interior e unidade que advém do ato de evitar o relacionamento já levou até mesmo a conceitos segundo os quais o crescimento espiritual é aumentado pelo isolamento. Nada pode estar mais longe da verdade. Tal afirmação não deve ser confundida com a idéia de que intervalos de reclusão são necessários para a concentração interior e auto confrontação, mas esses períodos devem sempre se alternar com o contato, e quanto mais íntimo for tal contato mais maturidade espiritual ele expressará.

O contato e a falta dele podem ser observados em vários estágios. Há muitos graus de contato entre os extremos óbvios do isolamento interno e externo, de um lado, e, do outro, a relação mais profunda e íntima. Existem aqueles que conseguiram uma certa capacidade superficial de relacionar-se, mas que ainda retiram-se de uma relação mais significativa, aberta e sem máscaras.
E diria que o ser humano médio da atualidade flutua em algum lugar entre os dois extremos.

A REALIZAÇÃO COMO MEDIDA PARA O DESENVOLVIMENTO PESSOAL

É também possível medir-se o senso de realização pela profundidade da relação e do contato íntimo, pela força dos sentimentos que uma pessoa se permite experimentar e pela disposição de dar e receber. A frustração indica uma ausência de contato, a qual, por sua vez, é um indicador preciso de que o self se retira do desafio do relacionamento sacrificado assim a
realização pessoal, o prazer, o amor e a alegria. Quando você quer compartilhar apenas com base em receber de acordo com os seus próprios termos e, na verdade, você secretamente não está disposto a dividir, seus anseios fatalmente permanecerão não satisfeitos. Seria bom que as pessoas considerassem os seus anseios insatisfeitos sob esse ponto de vista ao invés de se permitirem a idéia usual de que não têm sorte ou de que a vida é injusta com elas.

A satisfação e a realização no relacionamento são um parâmetro muito negligenciado para que uma pessoa possa medir o seu próprio desenvolvimento.
O relacionamento com os outros é um espelho para que a pessoa veja o seu próprio estado e, portanto, um auxílio direto para a auto purificação. Por outro lado, só através de absoluta honestidade e enfrentamento próprios é que os relacionamentos podem ser mantidos, que os sentimentos podem expandir-se e o contato florescer em relações duradouras. Assim, meus
amigos, vocês podem ver que os relacionamentos representam um aspecto tremendamente importante do crescimento humano.

O poder e a significância do relacionamento freqüentemente oferece sérios problemas para aqueles que estão ainda na agonia dos seus próprios conflitos internos. O anseio insatisfeito torna-se insuportavelmente doloroso quando a dificuldade de contato leva à escolha do isolamento. Isso só pode ser resolvido quando se decide seriamente buscar a causa do conflito dentro do self, sem usar a defesa da culpa e auto-acusação aniquiladoras, a qual, naturalmente, elimina qualquer possibilidade de realmente chegar ao âmago do conflito. Tal busca, junto com a disposição interna de mudar, deve ser cultivada para que se possa escapar do dilema doloroso no qual qualquer das alternativas disponíveis - isolamento ou contato - é intolerável.

É importante lembrar que a retirada pode ser muito sutil e pode ser imperceptível externamente, manifestando-se apenas em uma certa reserva e num auto-proteção distorcida. Um bom companheirismo externo não implica necessariamente capacidade e disposição para a proximidade interior. Para muitos, a proximidade é um peso muito grande. Na superfície isso parece estar relacionado com o quão difíceis são os outros, mas na realidade a
dificuldade reside no self, não importa o quão imperfeitos os outros também possam ser.


CONTINUA...