20 de novembro de 2008

História Zen








Gratidão



Quando seu coração está pleno de gratidão, qualquer porta aparentemente fechada pode ser uma abertura para uma bênção ainda maior.



Muito poucas mulheres alcançaram o ápice do Zen. Rengetsu é uma dessas raras mulheres.
Ela estava em peregrinação e, chegando a uma vila ao pôr-do-sol, pediu hospedagem para a noite. Mas os moradores fecharam suas portas. Eles deviam ser budistas tradicionais, e não permitiram que essa monja Zen lá permanecesse; jogaram-na fora da vila.
Era uma noite fria, e a velha mulher sem hospedagem... e com fome. Ela precisou fazer de uma cerejeira dos campos o seu abrigo. Estava realmente frio, e ela não podia dormir direito, e era perigoso também - animais selvagens e tudo.
À meia-noite ela acordou - estava com muito frio - e viu, no céu noturno da primavera, as flores de cerejeira totalmente abertas, rindo para a lua envolta em névoa. Tomada pela beleza, levantou-se e fez uma reverência em direção à vila.

Pela sua bondade
Em me recusarem hospedagem,
Encontrei-me sob as flores,
No luar desta noite em névoas.

Com grande gratidão ela saudou aquelas pessoas que lhe recusaram hospedagem, pois de outra forma estaria dormindo sob um teto comum e teria pedido esta bênção - estas flores da cerejeira, este sussurrar com a lua em névoa, e este silêncio da noite, este absoluto silêncio da noite.
Ela não sente raiva, e aceita... não só aceita como acolhe. Ela sente-se grata.

A vida é imensa, e a cada momento traz mil e uma dádivas a você. Mas você está tão envolvido e preocupado com a mente desejosa, tão cheio com seus pensamentos, que recusa todas essas dádivas... Deus vem; você recusa continuamente.
Uma pessoa se torna um Buda no momento em que aceita com gratidão tudo que a vida traz.



Osho - Zen: The path of paradoxVol.03 pags 179-180