16 de novembro de 2008

História Zen






Quem conta um conto...




Determinadas histórias quando contadas, causam um efeito curativo em quem as escuta. Muitas vezes as histórias funcionam como um espelho onde nós mesmos podemos observar o que aquele relato tem de semelhante com nossa própria história de vida e o que a experiência do outro pode complementar e auxiliar.


Nas histórias o personagem é sempre o outro, mas o ensinamento é sempre para todos. No final, todos ganham com a moral da história que para cada um é revelado de maneira especial.


Neste blog, publicarei algumas historinhas zen, que ilustrarão muito bem a busca de todos nós pelo aperfeiçoamento pessoal e coletivo. Logo abaixo do texto em itálico em a bibliografia consultada.


Discipulado

Permita que toda situação em sua vida lhe traga um ensinamento.

Quando o grande místico sufi Hasan estava morrendo, alguém lhe perguntou: " Hasan, quem foi o seu mestre?"
Ele respondeu: " Tive milhares deles. Se apenas enumerasse seus nomes, levaria meses, anos, e agora é tarde demais.. Mas certamente lhe contarei sobre três mestres.
" Um deles foi um ladrão. Uma vez me perdi no deserto, e quando cheguei a uma aldeia já era muito tarde, tudo estava fechado. Mas finalmente encontrei um homem, que tentava fazer um buraco na parede de uma casa. Perguntei-lhe onde eu poderia ficar e ele respondeu: " A esta hora da noite será difícil, mas pode ficar comigo se for capaz de ficar com um ladrão!"
" E o homem era tão harmonioso - fiquei por um mês! E toda noite ele dizia: 'Estou indo agora para o meu trabalho. Vá descansar e rezar'. E quando ele voltava eu lhe perguntava: 'Conseguiu algo?' e ele respondia: 'Esta noite não. Mas amanhã tentarei novamente e se Deus quiser...' Ele nunca se desesperava e, estava sempre feliz."
" Quando eu meditava e meditava por anos a fio e nada me acontecia, muitas vezes havia momentos em que ficava tão desesperado, tão sem esperanças, que pensava em parar com toda aquela bobagem. E de repente me lembrava do ladrão que toda noite dizia: 'Se Deus quiser, amanhã vai acontecer'
" E meu segundo mestre foi um cachorro. Eu me dirigia a um rio, sedento, e um cachorro apareceu, também com sede. Olhou para ao rio, vendo lá também outro cachorro - sua própria imagem - e ficou com medo. Ele latia e se afastava correndo, mas sua sede era tamanha que ele acabava voltando. Finalmente, apesar do medo, simplesmente pulou na água, e a imagem desapareceu. E eu sabia que aquela era uma mensagem de Deus para mim: devemos dar o salto, apesar de nossos receios."
" E o terceiro mestre foi uma pequena criança. Cheguei a uma cidade, e uma criança estava carregando uma vela acesa. Ela se dirigia à mesquita, para lá depositar a vela.
" Apenas por brincadeira, perguntei ao menino: 'Você mesmo acendeu a vela?' Ele respondeu: 'Sim, senhor' . E continuei:' Houve um momento em que a vela esteve apagada, depois houve outro em que ela se acendeu. Você pode mostrar a fonte da qual a luz veio?'
" E o menino riu, assoprou a vela e disse: 'Agora você viu a luz se indo. Para onde ela foi? Diga-me!'
" Meu ego e todo o meu conhecimento ficaram despedaçados. E naquele momento senti a minha própria estupidez. Desde então abandonei toda a minha erudição."

É verdade que não tive mestre. Mas isso não significa que não fui discípulo - aceitei toda a existência como minha Mestra. Meu discipulado foi um envolvimento maior que o seu. Confiei nas nuvens, nas árvores... na existência como tal. Não tive mestre porque tive milhares deles - aprendi de todas as fontes possíveis.
Ser discípulo é uma necessidade absoluta no caminho. O que significa ser discípulo? Significa ser capaz de aprender, estar disposto a aprender, ser vulnerável à existência. Como um Mestre você começa aprendendo a aprender... e muito lentamente você entra em sintonia e percebe que, da mesma maneira, pode entrar em sintonia com toda a existência.
O mestre é uma piscina onde você pode aprender a nadar. E quando você aprende, todos os oceanos são seus.


OSHO
The Secret of the Secrets
Vol1 - pgs 184-188